Ficava desanimado quando tinha que trabalhar em grupo na escola ou na faculdade. Sentia calafrios somente com a possibilidade de conversar com outras pessoas. Evitava ao máximo e muitas vezes realizava o trabalho sozinho. Colocava o nome das pessoas que não participaram e, nesse caso, era bom para mim que evitava a interação e bom para quem não queria ter trabalho.
A vida adulta ensina que não podemos fazer as coisas sozinhos. Definitivamente, não fazemos nada sozinho. Precisamos trabalhar em conjunto e interagir para que possamos entregar projetos de qualidade.
Muitas empresas sofrem pelas pessoas não trabalharem bem juntas. Mas agora não é mais possível fazer o trabalho sozinho e colocar o nome das pessoas que não colaboraram. Precisamos entender os desafios e ajudar no que for possível para superar essas dificuldades.
Por que será que a colaboração também falha no ambiente de trabalho?
Não é tão simples e natural que as pessoas trabalhem bem juntas. Seria impossível que empresas como Apple, Pixar, Airbnb e Netflix, só para citar algumas, fizessem tanta coisa legal se não houvesse uma cultura colaborativa entre as diferentes capacidades. Afinal, fazer um trabalho "foda" demanda muita colaboração e feedback.
Outro ponto relevante é que muitas empresas ainda enfrentam dificuldades de comunicação. A comunicação é um fator crucial para a colaboração. Quando times se comunicam bem, conseguem compartilhar informações importantes para o trabalho em conjunto e não deixam de falar o que pensam. Por isso, é muito importante incentivar a comunicação clara, constante e transparente entre as pessoas. A boa comunicação garante alinhamento e diminui o risco de pessoas trabalhando na mesma atividade.
O trabalho colaborativo é uma forma mais inteligente de lidar com situações complexas que exigem diferentes capacidades e pontos de vista. Quando colocamos essas diferenças para trabalhar juntas, resolvemos problemas com diferentes cabeças, vivências e experiências, alcançando resultados superiores. Assim, as pessoas evitam pontos cegos e reduzem erros.
No entanto, surgem alguns paradoxos que prejudicam o bom andamento do trabalho colaborativo.
Confiança e respeito pelas opiniões diferentes. É importante respeitar e confiar nas pessoas que trabalham com você. Quando isso não acontece, a opinião do outro não é respeitada e muitas vezes é descartada. Ficamos alheios às informações que podem ser relevantes simplesmente porque não respeitamos a opinião de alguém. Nos tornamos confiantes e deixamos de aproveitar o pensamento coletivo. Algumas pessoas deixam de ser ouvidas por não terem o mesmo domínio do assunto que outras. O resultado disso é um ambiente em que as pessoas simplesmente evitam expor suas opiniões. Como diz o seu Omar, de Todo Mundo Odeia o Chris: trágico.
O desafio de gerar conflitos e chegar ao consenso. É fundamental se atentar para encontrar o equilíbrio entre a qualidade de um trabalho e as nossas relações. Quantas vezes já vimos alguém deixar de expor algo porque alguém poderia se sentir ofendido? Pior ainda quando não conversamos e atacamos a decisão em forma de choradeira: eu avisei. O conflito é necessário para as empresas entregarem produtos de qualidade. Mas o consenso é crucial para que as entregas aconteçam. Para que o consenso seja saudável, precisamos manter a comunicação clara e com respeito. A boa intenção e a humildade são importantes neste momento.
A qualidade de uma entrega é a combinação de ideias. O trabalho da escola ou da faculdade poderia ter uma boa nota, mas, sem dúvida, perdeu a riqueza de diferentes pontos de vista. A boa colaboração requer o entendimento do momento em que estamos realizando uma tarefa individual ou em grupo. Os momentos de interação podem evoluir uma ideia ainda não madura ou combinar duas ideias numa terceira fora da curva. A qualidade no final vai acontecer quando realmente houver várias mãos contribuindo para uma entrega.
Colaborar é diferente de trabalhar em grupo. Na maioria das vezes, estamos inseridos em projetos e perdemos a chance de colaborar simplesmente porque temos preguiça de interagir e trocar ideias. É difícil dar os primeiros passos e reunir pessoas. Por isso, temos que pensar em ferramentas e possibilidades que não evitem a troca de opiniões e ideias que enriquecem um trabalho.
Para finalizar, além de definir responsabilidades e expectativas no início de um projeto, é importante decidir também momentos de troca e revisões em conjunto. Pensar que a colaboração seja um estímulo verdadeiro para que o trabalho em grupo se torne mais produtivo. Ser vigilante quando estivermos apenas criando uma competição entre ideias. Não se trata de competição, mas sim de junção.
Se dividir para conquistar é importante, mais importante ainda é usar todas as capacidades que um grupo oferece e dar espaço de fala e escuta para todos. Temos que entender que não sabemos tudo e precisamos de ajuda. A grande entrega é a combinação de várias cabeças diferentes.