#032 - Tchau conteúdo fragmentado
A atenção é prejudicada pelo consumo excessivo de conteúdo fragmentado
A atenção das pessoas é cada vez mais disputada pelas empresas. Grandes marcas investem muito para captar nossa atenção, e assim ganham dinheiro. Quanto mais as pessoas estão engajadas, mais espaço de publicidade é vendido.
Eu gosto de observar como a tecnologia afeta nossa atenção para compreender melhor o comportamento humano. Recentemente, parei de usar o Instagram. Já tinha feito isso com o X antes de ser bloqueado no Brasil. Ainda uso o LinkedIn devido à necessidade do trabalho.
Decidi deixar as redes sociais porque percebi que elas me deixavam irritado ou com ansiedade. Além de roubar meu tempo para algo mais profundo e relevante.
Desde as eleições de 2022, abandonei o hábito de ler notícias, principalmente em sites que focam mais em fofocas do que conteúdo relevante. Prefiro investir em artigos sobre temas do meu interesse. Percebi que mesmo assim permaneço informado sobre o que está acontecendo no Brasil e no mundo, e não desperdiço meu tempo ao saber que um famoso atravessou a rua com atenção.
Também troquei podcast por audio book. Existem muitos podcasts super interessantes, mas o livro me ajuda a ficar mais concentrado no assunto que quero ouvir. Assim, posso aproveitar momentos de trânsito e corrida para focar em um conteúdo mais aprofundado.
Existem duas forças a que precisamos estar atentos. Podemos escolher o conteúdo disperso que nos deixa rasos e ansiosos, ou o mais profundo (livros, filmes, audiobooks, artigos) que nos traz mais profundidade, grandeza e aumenta a nossa concentração e tranquilidade.
Estudos comprovam que o conteúdo fragmentado faz muito mal à nossa saúde. Sentimos dificuldade para nos concentrar e o celular agrava o problema. Hoje temos dificuldades para deixar o celular de lado quando estamos fazendo uma tarefa que exige concentração.
É importante praticar o desapego ao celular e ao conteúdo fragmentado. Deixar o celular em modo avião ou de cabeça para baixo para tentar se concentrar em algo por um longo período é um bom exercício. Não levar o celular para a cama e trocar pelo Kindle também ajuda. Não pegar o controle da televisão que está ao lado de um livro, também tem o seu valor.
Não é por acaso que conseguimos produzir algo em profundidade ou mergulhar num livro quando estamos em um voo. Nos livramos das interrupções durante o trajeto e estamos no controle. Isso nos obriga a se concentrar em algo, seja uma boa leitura ou uma trabalhar numa apresentação que não conseguimos focar durante a semana.
Com a atenção cada vez mais disputada, é importante saber como estamos usando nosso poder de concentração e foco. Se queremos fazer algo relevante e profundo, é crucial evitar comportamentos que roubam nossa energia e nos deixam mais preguiçosos.
Lendo, ouvindo, assistindo, observando
Stolen Focus: Why You Can't Pay Attention--and How to Think Deeply Again
Este livro é a minha grande inspiração para o texto desta newsletter. O autor explora diversos métodos para recuperar a atenção e, consequentemente, desenvolver um pensamento mais profundo e de qualidade.
Se os gatos desaparecem do mundo
A dor da perda do nosso gato Sushi nos fez buscar informações que nos ajudassem a compreender melhor nossa dor. Este livro narra a história de uma pessoa que está em estado terminal e precisa se livrar de algumas coisas do mundo para ter mais dias de vida.
Sunny - Apple TV
Esta série da Apple TV é uma mistura leve de comédia, drama, luto e como lidamos com as novas tecnologias. Além disso, aborda-se o papel da inteligência artificial na sociedade. A série se passa no Japão e apresenta a história de uma mulher que está enfrentando o luto por perder o marido e o filho em um acidente aéreo. Ela começa a ter diversos problemas quando precisa aprender a se relacionar com um robô criado pelo marido.
Daily Rituals: How Artists Work
Rituais e hábitos têm um grande impacto em quem somos e no que fazemos no mundo. Este livro apresenta um pouco de rituais e criatividade de grandes mestres da história. É interessante perceber que não existe um padrão. Cada pessoa funciona de um jeito diferente. Algumas pessoas produzem de forma sistêmica e outras gostam de trabalhar em cima da própria inspiração.
Infoxicação: O que é e como ela afeta sua criatividade
Thalita Choqueres escreve sobre os perigos que corremos ao consumir informações fáceis, como as redes sociais. Ela disse que o nosso cérebro fica mais lento e preguiçoso com o conteúdo fragmentado.